O filósofo francês Maurice Merleau-Ponty, em 1945, traçou algumas relações pertinentes sobre a noção de cinema e a nova psicologia. Seu argumento era que, assim como a percepção humana prova-se cada vez mais uma totalidade unificada (mais do que a soma dos sentidos), o cinema também configura e deve ser visto como uma totalidade única, e não a mera justaposição de som, imagem, movimento e artes cênicas. Expandindo esse conceito um passo adiante, eu argumento: da mesma forma, funciona o conceito geral de Arte.
A noção do que é arte não se basta como a mera soma de suas partes ou categorias, como um aglomerado de modalidades artísticas. A visão, a audição, o tato, o alfato e o paladar são apenas fragmentos da nossa experiência maior de perceber o ambiente ao nosso redor em uma totalidade experiencial. Seguindo a analogia: as manifestações artísticas em suas diversas formas são também os fragmentos que compõem um organismo maior. Um organismo maior e mais complexo do que a mera justaposição de partes (cinema, literatura, música e todas as outras), um organismo que se basta como uma entidade total: a noção mais ampla e completa de Arte, em todas as suas aparentes formas superficialmente distintas.